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   Data: 24/09/2009

Cartão deixa brasileiros em apuros

Dívidas // Segundo o Banco Central, os débitos somavam R$ 26,49 bilhões em julho. Pendura foi, em média, de 62 dias



Os brasileiros caíram na tentação do consumo, tiraram da carteira o cartão e disseram as palavras mágicas: "pode colocar no crédito". Agora sofrem as consequências na própria carne. Ou melhor, no próprio bolso. As dívidas acumuladas até 31 de julho no cartão de crédito somavam R$ 26,49 bilhões, segundo dados do Banco Central (BC). E 28,3% dessas transações estavam com um atraso no pagamento de mais de 90 dias. Em média, quem embarcou no rotativo (paga apenas a parcela mínima) ou recorreu ao parcelamento com juros tem ficado pendurado por 62 dias. O prazo mais alto dos últimos oito anos. Em dezembro de 2008, o "pendura" era de 32 dias.



A retração da oferta de crédito no fim do ano passado e o incentivo do governo para que o brasileiro fosse às compras pode ter relação com o aumento das dívidas. Um descontrole momentâneo também é capaz de fazer um grande estrago. Foi assim com A.F.M, 27 anos, que, por razões óbvias, pediu para ter apenas as iniciais publicadas. Entre setembro e outubro de 2008, ele teve que dispor de R$ 1,8 mil para pagar o que faltava da festa de formatura no curso de administração de empresas. "Cada um tinha que pagar R$ 2.250. Eu deixei R$ 1,8 mil para o fim. Então coloquei R$ 800 no cartão e R$ 1 mil no cheque especial. A pessoa só se forma uma vez".



Ele participou da festança. O baile foi ótimo. Só que a ressaca foi grande. Em janeiro, sem conseguir honrar a dívida, A.F.M foi até o banco negociar. Acabou com 16 parcelas de R$ 220. Ou R$ 3.520. O compromisso é cumprido todos os meses, sem atraso. Mas com sequelas. O pagamento da dívida "devora" 40% do salário do administrador. A grande ironia da historia é que A.F.M diz que sempre procurou ser disciplinado com as finanças. Por causa disso mesmo acabou ouvindo a maior bronca dos pais depois de contar o problema. "Eles disseram que não havia necessidade disso. Foi a primeira e última vez".



Pode ter sido "a primeira e última vez" de A.F.M, mas muitos outros brasileiros vão continuarna ciranda do rotativo. Entre junho e julho, houve um crescimento de 15,4% no número de concessões de cartões de crédito no país. De cada R$ 4 emprestados pelos bancos às pessoas físicas, R$ 1 é no cartão de crédito. Roberto Ferreira, analista financeiro e professor da Faculdade Boa Viagem (FBV), credita a explosão de endividamento à facilidade da concessão do crédito, especialmente no dinheiro de plástico. "Antes, a chamada classe C não tinha muito acesso ao meio de pagamento. Na hora em que aparece a facilidade, acaba se endividando".



Ferreira dá um exemplo usando juros de 15% ao mês. Quem fica devendo R$ 1 mil por três meses acaba pagando juros de 52% (juros sobre juros). Os R$ 1 mil se transformam em R$ 1.520. É por conta disso que ele reforça a necessidade de o consumidor procurar sempre pagar o total da fatura. Se, por um motivo de força maior, faltar dinheiro para quitar o valor integral, então a ordem é pagar o máximo possível. Se, ainda assim, só der mesmo para quitar a parcela mínima, a recomendaçãode Roberto Ferreira é expressa: "Não usar o cartão no mês seguinte e se concentrar em pagar o que deve". E ponto final.



Fonte: Diario de Pernambuco



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