A partir de hoje volta a cobrança gradual do IPI, com a alíquota de 1,5%. Mudança deve encarecer valor dos veículos em torno de R$ 500

A partir de hoje, começa a valer o aumento de 1,5% sobre a alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicada nos automóveis. Na prática, os carros ficarão em torno de R$ 500 mais caros, dependendo do modelo. E devem encarecer em cerca de R$ 2 mil até janeiro, quando a alíquota volta ao normal. A corrida para garantir os carros por um preço menor chegou a dobrar as vendas de algumas concessionárias, de agosto para setembro. Ontem, foi intenso o fluxo de consumidores nas lojas de automóveis, que ampliaram o horário de atendimento devido à demanda. Quem buscou modelos mais populares, no entanto, teve dificuldade para encontrá-los no estoque.

A pedagoga Maria José Vasconcelos, 51 anos, decidiu comprar o carro de última hora. "Achei que os juros para financiar estavam muito altos antes. Como agora, as taxas melhoraram e era a última oportunidade para comprar o carro pelo menor valor do imposto, decidi comprar", explica. Foi primeiro na Italiana, mas os modelos populares estavam em falta. "Desde o início do ano que o estoque não se regularizou na revenda Fiat. O que chegava já estava vendido, porque havia uma longa lista de espera. Só temos os modelos mais caros, a partir de R$ 55 mil", explica a gerente da loja, Gilvana Elias. Maria José só encontrou estoque na Bremem. Pegou o último Gol. "Tive sorte, porque era na cor que eu queria. Prata", comenta ela. O modelo escolhido por ela está em torno de R$ 33,8 mil e vai subir para R$ 34,4 mil, a partir de hoje.

Para chegar ao maior número de vendas, muitas concessionárias ampliaram o horário de encerramento, que em geral é às 18h, para 20h e até 22h. "A gente tinha estoque dos mais populares, como Celta e Classic, mas nem sempre na cor ou no formato que o cliente queria. Para aproveitar o desconto do IPI, alguns desembolsaram mais para levar um quatro portas, por exemplo, porque já não tinha mais o de duas", explica Leonardo Leite, gerente da Pedragon. Quem não tinha estoque, tentou fechar a comprapara outubro. "Muitos estão fazendo os pedidos porque sabem que se não fizerem isso até o dia 15, em vez de pagar uma alíquota de 1%, arcarão com o IPI de 3%. A partir da segunda quinzena, é possível que os estoques não tenham se normalizado e que o carro só chegue em novembro", destaca Genilson Alves, da Bremem. Segundo ele, já existem 90 carros encomendados.

Para os modelos 1.0, que estavam isentos de IPI e passaram a ter 1,5% de alíquota em outubro, o imposto subirá para 3% em novembro, vai para 5% em dezembro, até retornar aos originais 7% em janeiro de 2010. Esse aumento, no entanto, não deve afastar os consumidores, de acordo com as concessonárias. "Essa alta será mais percebida para quem compra à vista. Como 80% financia, o impacto no valor da prestação é pequeno", diz Beto Nunes, dono da rede Autonunes, cujas vendas de carros devem passar de 360 para 500, nas três lojas. Na Rivoli, o incremento foi de 110%. "Devemos fechar em 280 carros. Além do desconto do IPI, a Peugeot deu um bônus de cerca de R$3 mil nos carros", diz a gerente Carla de Araújo. Para quem não conseguiu comprar o carro com o IPI reduzido, aí vai um alento: "Até a primeira semana de outubro, vamos vender os carros, que sobrarem no estoque, pelo preço de IPI reduzido. Como já foram faturados, ainda estarão com os preços antigos", promete ela.

Fonte: Diario de Pernambuco